O relatório é arrasador e menciona a ‘velocidade excessiva’, o estado ‘deplorável’ da carrinha, com pneus com mais de sete anos de uso, e o excesso de passageiros, na análise às circunstâncias da morte de 12 portugueses em França, em 2016.
Dois anos após o acidente de viação que matou 12 portugueses, emigrantes na Suíça, que viajavam para passar as férias da Páscoa em Portugal, foi publicado o relatório técnico que avalia as circunstâncias do acidente.
O documento de 40 páginas, redigido pelo Gabinete de Investigação de Acidentes de Transporte Terrestre francês (BEA na sigla original), não tem dúvidas de que o condutor de 19 anos, Ricardo Pinheiro, também português, foi o culpado pelo acidente devido a um comportamento imprudente e perigoso. Mas também deixa duras críticas ao proprietário da carrinha, Arménio Pinto, que é tio do condutor.
O jovem de 19 anos foi o único sobrevivente do acidente que ocorreu a 24 de março de 2016, numa estrada em Montbeugny, em Allier, na região francesa de Auvérnia-Ródano-Alpes.
No relatório, nota-se que “a causa direta do acidente é a decisão do condutor que, sem ter visibilidade suficiente, fez uma ultrapassagem a uma velocidade excessiva, com um veículo num estado deplorável (freios e pneus usados) e em sobrecarga, ao qual foi acoplado um atrelado também ele em estado técnico defeituoso”.
O documento refere que o condutor de 19 anos fez o percurso a uma velocidade média de entre 110 e 133 km/hora.
A carrinha onde seguiam os portugueses “transportava duas vezes a carga máxima autorizada” e os pneus tinham mais de sete anos, já tendo ultrapassado os limites de desgaste, constata ainda o documento.
A análise do BEA destaca ainda que o veículo terá sofrido alterações na própria manhã do acidente, de modo “a aumentar a sua capacidade de seis para doze passageiros”.
“Foram adicionados assentos ilegalmente, com fixações para bancos e cintos de segurança defeituosos ou ausentes”, refere o relatório.
A viagem tinha sido organizada “pelo tio do condutor que propunha os seus serviços pelo passa-palavra”, salienta o BEA, frisando que o negócio não estava legalizado, embora promovesse viagens entre a Suíça e Portugal com regularidade.
O documento também nota que o condutor de 19 anos tinha tirado, em Portugal, a carta de condução que lhe permitia transportar até um máximo de oito passageiros apenas dois dias antes do acidente.
O julgamento realiza-se no próximo dia 13 de junho, onde Ricardo Pinheiro e o tio, Arménio Pinto, vão responder por crimes de homicídio involuntário.
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