A mediana salarial de Macau é de 18 mil patacas (2.085 euros), mas os bilingues de chinês e português são particularmente valorizados.
Os salários dos funcionários do consulado-geral de Portugal em Macau, considerados baixos para a média do território, motivaram queixas ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que disse não ter solução para o problema.
“O consulado tem uma grande falta de pessoal. Espero que olhe para Macau por um prisma diferente porque Macau é uma cidade que ama muito Portugal”, disse Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas pelos círculos da China, Macau e Hong Kong, durante um encontro com José Luís Carneiro, na primeira visita à Região Administrativa Especial de Macau.
A conselheira explicou que os salários dos funcionários consulares rondam as 11 mil patacas (1.275 euros), o que, “reduzindo os impostos” resulta em cerca de sete mil patacas (811 euros). “É muito baixo”, frisou.
A queixa foi repetida por António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia: “Um funcionário público do cargo mais baixo, um servente, ganha cerca de 12 mil patacas (1.390 euros), que é para o senhor ver como o pessoal do consulado ganha mal”.
As queixas foram feitas durante um encontro de Carneiro com 23 representantes de todas Associações Portuguesas e de Matriz Portuguesa, em que também esteve presente o cônsul-geral, Vítor Sereno.
O cônsul-geral lembrou que muitos dos funcionários falam quatro línguas – português, inglês, cantonês e mandarim -, o que os torna ainda “mais apetecíveis” em Macau.
“O custo de vida é dos mais altos do mundo”, alertou Sereno, lembrando que, entre 2013 e 2014, o consulado fez 16 rescisões.
“As pessoas batiam-me à porta e diziam-me ‘A felicidade não enche a dispensa, não aguento mais'”, recordou.
O problema dos salários é antigo e os conselheiros já o levaram à reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas, no ano passado, em Lisboa. Desta vez, a resposta não foi diferente.
“Não temos solução, temos uma vontade de encetar diálogo com os sindicatos. É uma questão complexa, muito difícil de resolver. Mexer nas condições remuneratórias de Macau significa mexer nas condições remuneratórias de todo o mundo. Passa por uma revisão global das carreiras”, disse Carneiro.
O problema não é exclusivo de Macau, sublinhou o responsável português. Em São Francisco (Estados Unidos) e Londres, por exemplo, foram abertos concursos e as vagas ficaram por preencher devido aos montantes oferecidos, acrescentou.
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