Dezenas de envelopes estão a ser devolvidos pelos correios britânicos, ameaçando o voto por correspondência de portugueses residentes no Reino Unido para as eleições legislativas de outubro.
De acordo com Pedro Xavier, proprietário de um escritório de serviços de apoio à comunidade e presidente da secção do PSD no Reino Unido, nos últimos dias teve conhecimento de 127 casos.
«Tive algumas pessoas que vieram ao escritório pedir ajuda, porque o processo não é simples, e poucos dias depois voltaram a dizer que o envelope tinha sido devolvido. Entretanto, recebi mais mensagens e telefonemas com mais casos», disse à agência Lusa.
O conselheiro das comunidades portuguesas António Cunha e um dos diretores do Centro Comunitário Português, Artur Domingos, corroboraram o problema, tendo identificado «dezenas de casos», muitos dos quais comentados também nas redes sociais.
António Cunha está otimista quando à persistência dos eleitores, os quais insistem em saber o que podem fazer para poderem votar.
Mas Pedro Xavier e Artur Domingos dizem que muitas pessoas «não estão para se chatear» e estão a mandar os envelopes devolvidos «para o lixo».
«O processo em si já não é fácil», refere Xavier, referindo a obrigação de juntar uma fotocópia do Cartão do Cidadão, frente e verso, ao envelope com o boletim de voto e depois dobrar para caber tudo no sobrescrito com porte pré-pago.
Perante o mesmo problema, o conselheiro das comunidades portuguesas na Escócia, Sérgio Tavares, sugeriu que se escreva “From” [De] junto ao remetente e “To” [Para] junto ao destinatário, para diferenciar os endereços.
Porém, também verificou que um funcionário dos correios britânicos não identifica a referência ao porte pago, que está em língua francesa e portuguesa, e não em inglês.
«Foi-me garantido que estavam a ser feitas diligências, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e também pelos CTT, este último junto do Royal Mail, para resolver a situação», informou, através da rede social Facebook.
Tem sido nesta plataforma que vários portugueses têm levantado dúvidas sobre a necessidade do envio de uma fotocópia do Cartão do Cidadão, uma exceção prevista à lei que interdita a exigência de uma cópia do documento.
«Há uma desconfiança, porque sai uma lei para não tirar cópias e depois pedem a cópia sem explicar a segurança ou como evitar o uso indevido. Este assunto devia ser mais transparente e estamos sem argumentos», refere o dirigente do Centro Comunitário.
Pedro Xavier fala de «desconforto» entre os portugueses residentes no Reino Unido com os diferentes problemas do processo e que isso «está a desmotivar» o exercício do direito cívico.
Para ser validado, o voto por correspondência tem de chegar a Lisboa até dez dias após a data de eleições, que se realizam a 06 de outubro.
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