O futuro estatuto de imigração após a saída do Reino Unido da União Europeia é confuso para os residentes portugueses.
Hélder Morgado, que chegou à Escócia há dois anos, pouco depois do referendo que ditou o ‘Brexit’, considera-se informado pela imprensa portuguesa e britânica, mas, no entanto, o barcelense de 40 anos ainda tem dúvidas.
«Não é muito claro, tenho muitas dúvidas. Gostava de ter informação mais definitiva sobre o que preciso de fazer, mas há muita especulação», afirmou o auxiliar de cuidados de saúde à agência Lusa.
Hélder Morgado admitiu que ainda não tentou pedir o estatuto de residência.
«Não me preocupei muito porque [a saída] é só em 2019 e ouvi dizer que o governo britânico vai dar mais dois anos para as pessoas se registarem, por isso penso que vai haver tempo suficiente», justificou.
Enquanto não completar cinco anos consecutivos a viver no Reino Unido, Hélder Morgado só terá direito a um título provisório [‘pre-settled status’], sendo o estatuto de residente permanente [‘settled status’] atribuído àqueles que estão há cinco anos ou mais no país.
O governo britânico prometeu que vai defender os direitos dos europeus depois da saída da UE, e afirmou que aqueles que chegarem antes do ‘Brexit’ vão poder ficar e completar os cinco anos necessários para o título de residência permanente.
Segundo o Ministério do Interior, o ‘settled status’ dará aos europeus o direito de «ficar no Reino Unido o tempo que quiserem» após dezembro de 2020, com acesso ao mercado de trabalho, serviços públicos como a educação, saúde, apoios sociais e pensão de reforma.
De acordo com a primeira-ministra, Theresa May, depois do ‘Brexit’, os cidadãos dos países da UE vão passar a ser tratados da mesma forma que os restantes países de fora da UE e o acesso a empregos britânicos por imigrantes será prioritariamente dado a trabalhadores com melhores qualificações, enquanto que aqueles com menos qualificações vão enfrentar mais restrições.
Apesar de qualificar-se para o estatuto de ‘pre-settled’, Hélder Morgado receia que, mesmo assim, seja necessário candidatar-se a visto de trabalho e questiona-se se «será viável ficar, se será que vai ser fácil», ou se existe o risco de perder o emprego.
O irmão de Hélder, Carlos Morgado, conta que não é só a incerteza sobre o ‘Brexit’ que está a levar os europeus a irem-se embora ou a procurarem outros países para imigrarem.
«A libra desvalorizou, o custo de vida aumentou e os salários não sobem. Ainda há portugueses a chegarem para procurar trabalho, mas já não é tão fácil», explicou à Lusa.
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