Recipientes desenvolvidos pela APP Thermal podem acomodar até cinco mil doses e mantêm a temperatura abaixo dos 80 graus durante mais de 72 horas.
A empresa portuguesa, sediada na zona industrial da Maia, desenvolveu caixas que conseguem manter as temperaturas muito baixas, condição necessária à preservação da vacina da BioNtech-Pfizer.
Há mais de cinco meses que a APP Thermal está a produzir caixas com condições térmicas especiais para o armazenamento da vacina. “Sabíamos que teria de ser transportada de uma forma completamente diferente das outras, a menos de 80 graus. Desenvolvemos materiais que permitem esse isolamento para aguentarem até 120 horas”, avança Manuel Pizarro, CEO da empresa.
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Os produtos foram testados numa câmara que simula condições ambientais e temperaturas, com recurso a um programa de inteligência artificial. “Este simulador é importante, porque temos de defender as vacinas, ao máximo, do calor”, explica.
As caixas com as vacinas serão acomodadas num recipiente, preenchido com gelo seco. Um aparelho com sensores monitorizará a temperatura da no interior desse recipiente e transmitirá a informação, em tempo real, por GPS para um centro de controlo. As caixas, desenvolvidas na Maia, têm quatro tamanhos diferentes e podem levar entre mil e cinco mil doses de vacinas.
Para evitar roubos ou extravios, as caixas possuem um selo e sensores de luz. É possível perceber se foram abertas e onde estavam quando foram violadas. “Ter equipamentos a monitorizar todos os parâmetros encarece a solução, por tratar-se de um envio massivo de caixas”. Sendo uma vacina nova, a Pfizer não arrisca e “quer saber tudo o que entregou” e se o transporte cumpriu os “requisitos”.
A APP Thermal criou uma plataforma que poderá possibilitar o rastreio do envio das vacinas da Pfizer na Argentina, onde tem uma parceira, a Advanced Products Argentina. “Este portal tem geolocalização e, se algo correr mal, conseguimos corrigir”, indica.
A APP Thermal está preparada para exportar as caixas de armazenamento e de transporte da vacina contra a covid-19 para Angola, Moçambique, Cabo Verde e outros países de língua portuguesa, além da Europa e dos países nórdicos. A empresa maiata tem a ambição de ajudar no transporte para a Madeira e os Açores. “As nossas caixas já são usadas no Mundo todo”, frisa Manuel Pizarro. No caso específico da vacina contra a covid-19, “teríamos de quintuplicar o volume de caixas e criar as infraestruturas necessárias. Até seria gratificante”.
Plano de vacinação em Portugal
Primeira fase: Grupo prioritário abrange 900 mil
Entre janeiro e fevereiro de 2021 serão vacinadas 950 mil pessoas. Os residentes e funcionários de lares e unidades de cuidados continuados, os profissionais de saúde, de segurança e de serviços considerados essenciais. E ainda as pessoas com mais de 50 anos com insuficiência cardíaca, insuficiência renal, doença coronária, DPOC, e insuficiência respiratória crónica (com suporte ventilatório).
Segunda fase : Todos os idosos e doentes de risco
No segundo trimestre, o grupo alvo abrange 2,7 milhões de pessoas, dos quais 1,8 milhões com mais de 65 anos e sem patologias e 900 mil entre os 50 e os 64 anos com determinadas doenças (como cancro ativo, diabetes, hipertensão, obesidade, insuficiência hepática e doença renal crónica).
Terceira fase : Toda a população até dezembro
Deverá prolongar-se até ao final do ano e abranger toda a população com duas doses. Se houver atrasos na distribuição das vacinas, poderão ser definidos mais grupos prioritários.