Nas experiências, os cientistas da fundação Champalimaud usaram ratos que foram treinados para, ao ouvirem um som, irem para um dispensador de água e beberem.
Cientistas da fundação Champalimaud, em Lisboa, descobriram que o imprevisto e a criatividade no cérebro dos ratos estão a cargo de uma zona diferente daquela que se baseia na experiência para determinar a melhor altura para agir.
A investigação, publicada recentemente na revista Neuron, foi liderada pelo neurocientista Zach Mainen, que disse referiu que nas experiências conduzidas em ratos se verificou que há uma parte do cérebro, o córtex pré-frontal mediano, responsável pela aprendizagem, que para decidir a altura ideal para agir se baseia no que conhece, na experiência.
No entanto, ao mesmo tempo, entra em ação o córtex motor secundário, ligado ao movimento, que na sua avaliação de momento ideal para agir acrescenta “o acaso, a criatividade”, a capacidade de gerar comportamentos novos. Zach Mainen afirmou que a parte do imprevisto comunica com a parte do determinismo para conseguir “uma ação mais eficaz”.
Os cientistas ensinaram aos ratos que, se esperassem um tempo aleatório antes de ouvirem um segundo som, o dispensador tinha mais água para beberem.
Entre esperarem um tempo desconhecido pelo segundo som, obtendo mais água, ou irem beber logo após o primeiro som, a dose de imprevisibilidade da experiência permitiu aos cientistas registarem a atividade dos neurónios nas duas zonas diferentes do cérebro.
“Descobrimos que duas áreas diferentes do cérebro parecem desempenhar papéis muito diferentes na geração do timing da ação”, afirmou o investigador.
O processo cerebral estudado pela equipa tem eco na própria evolução das espécies, em que a seleção se faz em par com a variabilidade.
Zach Mainen afirmou que o caminho da investigação, que está “muito longe” de conseguir encontrar paralelos nos seres humanos, será investigar ligações entre outras áreas do cérebro.
“Estudámos duas áreas do cérebro nesta experiência, mas o cérebro dos ratos tem cerca de mil áreas diferentes”, indicou.
Prosseguir a investigação será “uma questão de recursos”, devendo recorrer-se à colaboração com outras instituições científicas.
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