A comunidade portuguesa na Venezuela, com cerca de meio milhão de portugueses e lusodescendentes, tem receio pela incerteza do futuro e espera «muito pouco» das eleições presidenciais do próximo dia 20 de maio.
Maria de Lurdes Almeida, membro do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) na Venezuela, indicou que a comunidade portuguesa «não espera que mude algo» e realçou a «grande incerteza» em relação aos próximos anos, num país imerso numa preocupante crise económica e social que já obrigou centenas de milhares de habitantes a fugirem do país.
«São mais de mil os portugueses que abandonaram a Venezuela», afirmou Maria de Lurdes Almeida, destacando principalmente os jovens a quererem sair, porque «não veem muito futuro».
A conselheira, que se deslocou para Lisboa para participar no Conselho Permanente do CCP, expressou «o sentimento de medo, apreensão e incerteza no futuro» que se sente na comunidade portuguesa na Venezuela.
«Chamaram-se eleições, mas grande parte de nós sabe que foi o nome que quiseram pôr. Por isso, esperamos muito poucos resultados, porque não consideramos que realmente sejam umas eleições transparentes, como deviam ser», disse, referindo-se ao escrutínio boicotado pela maioria das forças da oposição ao Presidente Nicolás Maduro.
O presidente Maduro apresenta-se a um segundo mandato para permanecer na presidência da Venezuela até 2025, e tem como principal opositor Henri Falcón, um dissidente do “chavismo”, da Avançada Progressista. O principal partido da oposição, a Unidade Democrática, não apresenta candidato, por considerar o ato eleitoral ilegítimo.
Segundo a conselheira Maria de Lurdes Almeida, a comunidade portuguesa anseia há 18 anos o fim do poder de um mesmo partido, no entanto «o país continua cada vez pior.
«Atualmente, o que temos é uma grande incerteza, grande parte dos portugueses são comerciantes e todos perguntam o que vão fazer no futuro, o que vai ser este resultado. Não sabem se voltam a Portugal ou não», assinalou.
Independentemente do ato eleitoral de domingo, a realidade é que «muita gente está a sair» da Venezuela, uma migração que a conselheira do CCP diz que não se resume à comunidade portuguesa.
«Muita gente está a sair de lá, não somente da nossa comunidade, mas de todas as comunidades, inclusive a venezuelana, que nunca emigrou e que está a emigrar massivamente, precisamente por esta incerteza que os portugueses sentem» como todos os outros, disse.
A Venezuela vai a eleições presidenciais no domingo, 20 de maio, um processo para o qual estão convocados mais de 20,5 milhões de eleitores para escolherem entre quatro propostas distintas para governar o país.
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