Num universo de cerca de 60 mil portugueses, a Austrália conta com números reduzidos de recenseamento: em Melbourne são cerca de 150 numa comunidade de 17 mil pessoas, e em Sydney são pouco mais de mil num conjunto de cerca de 30 mil portugueses.
As conselheiras das comunidades portuguesas para a Austrália e Nova Zelândia apelaram a um maior trabalho do Governo e partidos portugueses para promoverem uma “aproximação política”, de modo a evitar a fraca participação eleitoral.
“Acho que tem de haver uma aproximação política porque as pessoas podem estar recenseadas, ter métodos de voto efetivos, mas para se dirigirem para votar precisam de perceber um bocadinho de política, sobre os partidos políticos. Temos situações em que a comunidade relata que apesar de estar recenseada não sabe em quem vai votar, porque não sabe qual é a política, qual vai ser o impacto neles como imigrantes”, disse Sílvia Renda, conselheira em Melbourne.
“Acho que há uma boa oportunidade para o Governo português e para os partidos políticos para fazerem um bocadinho mais de trabalho com as comunidades”, acrescentou.
Sílvia Renda e Melissa da Silva participaram no encontro regional de conselheiros das comunidades portuguesas da Ásia-Oceânia, em Macau, com o secretário de Estado José Luís Carneiro.
“Temos muito poucas pessoas recenseadas na Austrália”, lamentou Sílvia Renda, sublinhando a importância dessa aproximação e também da simplificação do processo administrativo em si.
A conselheira lamentou também a redução dos trabalhadores do consulado-geral em Sydney, de sete para cinco, uma diminuição que garante ter impacto, até porque é frequente que um dos funcionários se desloque a outro consulado no país para “permanências consulares”, aumentando a “pressão grande” em Sydney.
Melissa da Silva, representante em Sydney, explicou que o perfil da comunidade está a mudar, com os novos emigrantes portugueses a afastarem-se da profissão predominante na primeira geração, a construção.
“Há muitos portugueses a chegar à Austrália, não só para a construção, mas para a área da tecnologia, do marketing, pessoas muito qualificadas que entram bem na comunidade australiana”, explicou.
Com o secretário de Estado as conselheiras pretendiam discutir formas de apoiar mais os idosos portugueses na Austrália, e promover o ensino da língua portuguesa.
“A nossa comunidade está a ficar cada vez mais envelhecida e as necessidades dessas pessoas são bastante diferentes das comunidades que estão a chegar agora, dos novos emigrantes portugueses na Austrália. Essa parte da nossa comunidade precisa de apoios sociais, de informação sobre os serviços que existem, e há uma oportunidade boa para desenvolver essa parceria” entre o Governo australiano e o português, indicou Sílvia Renda.
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