Iolanda Banu Viegas já é conselheira das Comunidades Portuguesas e ativista antirracismo no País de Gales, mas este ano estreia-se como candidata nas eleições locais na cidade de Wrexham, que se realizam amanhã.
A portuguesa, de 43 anos, reside há cerca de 17 anos no país e durante muito tempo foi militante do partido Trabalhista, mas divergências com o deputado local aproximaram-na do partido nacionalista galês Plaid Cymru.
“Sempre que participava em campanhas e manifestações locais, encontrava membros do Plaid Cymru e através desse contacto e de lutar pelos mesmos interesses conheci melhor. E no ano passado fui convidada a candidatar-me para estas eleições locais”, descreveu.
A oposição a cortes orçamentais na região, a campanha para salvar um dos dois carros de bombeiros para manter em serviço em Wrexham e a oposição ao ‘fracking’, a prospeção de petróleo por fatura hidráulica, são exemplos de ações que têm feito parte da sua campanha.
“Queremos que Wrexham tenha melhores perspetivas de futuro”, argumentou, defendendo a redução do número de lojas fechadas na cidade com a redução ou eliminação de impostos [tax rates] e uma política para as drogas inspirada à portuguesa.
Iolanda Banu Viegas é candidata pela freguesia [ward] de Whitegate contra o mesmo candidato ‘Labour’ que venceu em 2012, admitindo ter poucas hipóteses de ser eleita.
“Esta é uma zona em que muitas pessoas votaram pelo ‘Brexit’. Não me parece que ser uma estrangeira favoreça a minha candidatura”, justificou.
Apesar de Wrexham ter uma comunidade portuguesa considerável, estimada em cerca de 2.000 pessoas num total de 61.600 habitantes, existem poucos compatriotas na área de Whitegate, pelo que Iolanda Viegas conta com o apoio dos numerosos imigrantes polacos.
Mesmo assim, sublinhou, fez um esforço para ajudar portugueses a recensearem-se, incluindo no café através do seu telemóvel, e está confiante que o número de eleitores portugueses tenha duplicado desde 2012 para mais de mil.
“Há pessoas a votar pela primeira vez em 16 anos. Devido ao ‘Brexit’, muitas pessoas começaram a perceber que quem não vota não conta e, apesar de serem eleições locais, poderão ter impacto nas eleições legislativas de 08 de junho”, afirmou.
Na cidade de Wrexham existe outro candidato português a vereador, Jorge Vieira Szabo, na freguesia de Queensway, onde concorre como independente.
O Presidente da Associação da Cultura Portuguesa na Grã-Bretanha disse à Lusa ter sido abordado por dois partidos para os representar, convites que rejeitou.
“A situação em Wrexham tem vindo a degradar-se ao longo dos anos e, conversa após conversa, fui convencido a candidatar-me, o que aceitei na situação de independente. Tenho consciência de que é uma luta desigual, uma vez que estou a defrontar dois partidos, mas as minhas ideias são mais importantes que um título, qualquer que ele seja”, vincou.
Considera um “sucesso” a campanha pela “reversão de alguns erros que estão a deteriorar as condições e a qualidade de vida em Wrexham”, mas não sabe se conseguirá arrecadar mais votos portugueses ou britânicos.
Ao todo, vão a votos na quinta-feira 4.851 cargos em 34 autarquias em Inglaterra, na totalidade das 32 autarquias escocesas e na totalidade dos 22 municípios do país de Gales.
Os vereadores autárquicos são eleitos por quatro anos, mas as eleições locais no País de Gales e na Escócia foram adiadas um ano para não coincidirem com as eleições dos respetivos parlamentos autónomos.
Como estas eleições são locais, podem candidatar-se e votar cidadãos britânicos, nacionais de Estados-membros da União Europeia e de países da Commonwealth.
A votação decorre entre as 07H00 e as 22H00 locais (mesma hora em Portugal), devendo os resultados finais ser apurados durante a noite e no dia seguinte.
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