O embaixador brasileiro em Pequim apelou hoje ao Fórum de Macau que se foque nos países menos desenvolvidos, apontando que o organismo “nunca foi central” para o relacionamento entre o Brasil e a China.
«O mais promissor seria que a China buscasse utilizar o fórum para promover projetos que beneficiem os países menos desenvolvidos da comunidade de países de língua portuguesa», disse Paulo Estivallet de Mesquita à agência Lusa, em Pequim.
«Nesse ponto, achamos que falta ainda muito por fazer», apontou.
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No âmbito do Fórum de Macau, a China criou um Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, no valor de mil milhões de dólares (879 mil milhões de euros), e gerido pelo Banco de Desenvolvimento da China (CDB, na sigla em inglês).
Empresários queixam-se, no entanto, da dificuldade em conseguir financiamento através do fundo, face às altas taxas de juro exigidas e difíceis de alcançar em projetos de infraestruturas.
Paulo Estivallet de Mesquita concordou que, apesar de «haver recursos disponíveis», estes «não se traduziram, até ao momento, num volume de projetos concretos».
«Acho que ainda falta, talvez, pensar melhor em como elaborar esses projetos, principalmente nos países menos desenvolvidos, de forma a que todos vejam as vantagens e os benefícios da iniciativa», disse.
O Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi criado em outubro de 2003.
A instituição tem sede na Região Administrativa Especial de Macau e é formada por representantes da China, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Sobre o possível impacto da pandemia da covid-19 nas trocas comerciais entre o Brasil e a China, o diplomata apontou para um aumento das exportações brasileiras, durante o primeiro trimestre do ano, em termos homólogos, particularmente de soja, produto dominante na pauta comercial.