Alemanha, França, Itália e Reino Unido são algumas das nações que anunciaram um endurecimento das regras para o período festivo.
Vários países europeus estão a voltar atrás com a palavra e a aplicar restrições à população para a quadra festiva que se aproxima. Enquanto meia Europa receia a chegada de uma terceira vaga de Covid-19, causada pelos contactos entre familiares e amigos no Natal e no Ano Novo, outra metade continua sem conseguir sequer dobrar a curva epidemiológica para sair da segunda onda em que ainda se encontra, pelo que a adoção de novas medidas aparenta ser o único caminho possível.
Alemanha, França, Itália, Países Baixos e Reino Unido são algumas das nações que recentemente anunciaram um endurecimento das regras para o período festivo. Algumas das medidas possuem carácter imediato, enquanto outras serão aplicadas apenas durante as festas.
No Reino Unido, o nível de alerta subiu para três devido ao aumento de casos de infeção tanto na capital como em algumas zonas do Sul de Inglaterra, como Essex, Kent ou Hertfordshire. Mas Londres, com mais de nove milhões de residentes, é a principal preocupação do Executivo britânico, com 225 casos por 100 mil habitantes.
Por todo o país os restaurantes, bares e pubs são forçados a fechar portas, quando até agora podiam funcionar até às 23h00 e receber grupos de até seis pessoas. O serviço de entrega ao domicílio poderá manter-se, mas tal não é suficiente para que as receitas possam comparar-se com as de anos anteriores.
Em França, o último confinamento decretado pelo Governo de Emmanuel Macron está prestes a terminar, mas algumas medidas restritivas vão manter-se. O comércio passa a encerrar às 20h00 e teatros, cinemas e museus estarão fechados. As medidas serão levantadas durante a noite de Natal, mas não na de Ano Novo.
Já na Alemanha entraram na terça-feira em vigor as restrições que a chanceler Angela Merkel tinha anunciado no último fim de semana e que durarão até pelo menos 10 de janeiro, apanhando, inevitavelmente, a quadra natalícia. Praticamente toda a vida pública está agora em suspenso, sendo que apenas os serviços essenciais podem estar abertos.
Até bares e restaurantes continuam fechados, exceto para serviço de take away, algo que já acontecia há seis semanas. Mas nenhuma das medidas parece ter ajudado a travar o ritmo de contágios. Em meados de novembro o número de casos na Alemanha atingiu um pico que, um mês depois, continua sem baixar.
Também nos Países Baixos o Governo ordenou o encerramento de todos os estabelecimentos não essenciais devido ao aumento de infeções, que neste momento rondam as dez mil diárias. O país possui cerca de 400 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes desde meados de outubro e não consegue baixar essa taxa de incidência.
A partir de quinta-feira as escolas primárias e secundárias estarão também fechadas para uma espécie de férias de Natal antecipadas. Profissões de contacto com o público serão suspensas e, apesar de não haver recolhimento obrigatório, a população é aconselhada a sair o menos possível.
Em Itália esperam-se igualmente novas medidas restritivas a nível da circulação e do recolhimento na quadra festiva. Ainda não foram oficializadas pelo Executivo, mas meios de comunicação italianos falam em novo confinamento entre 24 de dezembro e 2 de janeiro, numa altura em que se têm verificado aglomerações nas ruas e em que Itália se tornou o país com mais mortes por Covid-19 na Europa.
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Segunda onda “muito intensa”
“A maior parte da Europa está em plena segunda onda [da pandemia], e de forma muito intensa”, frisou ao El Pais Daniel López Acuña, ex-diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Exemplo disso são países como a Croácia, com uma taxa de incidência de 1200 casos por 100 mil habitantes, ou a Suécia, com 739 por 100 mil habitantes.
“A combinação de uma incidência elevada, com muitos casos na comunidade, e uma pressão também elevada dos serviços de saúde fazem com que qualquer relaxamento das restrições ou qualquer abertura excessiva de estabelecimentos tenha potencial para provocar um aumento da transmissão ainda maior do que aquele que vimos no verão”, explicou o especialista.
Segundo Acuña, a evolução da doença na Europa leva entre três a quatro semanas de atraso em relação a Espanha, onde a segunda vaga começou mais cedo. Agora, o problema é agravado pelo facto de estarmos no inverno, uma vez que climas mais frios originam mais convívios em espaços fechados em vez de no exterior.
Desde que surgiu pela primeira vez na Europa, o novo coronavírus já infetou mais de 20 milhões de pessoas nesse continente, das quais 1,6 milhões são vítimas mortais. Até ao momento, 46,8 milhões dos infetados em território europeu já conseguiram recuperar da doença.