O PSD questionou hoje o Governo sobre se vai apoiar os cerca de 150 trabalhadores portugueses do setor da hotelaria na cidade francesa de Lourdes, após relatos de “urgência social” devido à falta de trabalho.
Na pergunta, entregue hoje na Assembleia da República, o deputado do PSD Carlos Alberto Gonçalves, eleito pelo círculo da Europa, questiona de que “forma está o Governo português a acompanhar a situação dos trabalhadores portugueses do setor da hotelaria em Lourdes” e se o Ministério dos Negócios Estrangeiros “está a ponderar a realização de uma Permanência Social naquela cidade francesa, com o objetivo de orientar e apoiar estes portugueses”.
No texto, o deputado do PSD refere-se às notícias publicadas nos últimos dias em vários meios de comunicação social, que dão conta da situação difícil que vive uma franja “importante da comunidade portuguesa residente na cidade de Lourdes em França”.
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“Apesar de a nossa comunidade residente no departamento dos Altos Pirenéus estar bem integrada e sem problemas específicos é, no entanto, importante referir que na cidade de Lourdes são cerca de 150 os portugueses que vivem uma situação difícil, pelo facto de terem contratos de trabalho sazonais no ramo da hotelaria e estarem, neste momento, a cessar os apoios sociais concedidos pelas autoridades francesas”, sublinha o grupo parlamentar do PSD.
Ainda de acordo com o documento, entregue hoje, “estes portugueses têm contratos de trabalho de oito meses, aos quais se seguem vários meses de inatividade”, prática corrente na região, pelo que estabilizaram a sua vida pessoal e familiar naquela zona à imagem do que acontece com outros trabalhadores estrangeiros.
O deputado refere também que a situação já mereceu uma atenção particular da conselheira das comunidades portuguesas eleita pelo círculo eleitoral de Bordéus-Toulouse, que contactou a comunidade portuguesa em Lourdes, tendo também reunido com as autoridades locais, que “procuram encontrar soluções para a situação difícil que vivem estes trabalhadores e respetivas famílias”.
“Assim, e, apesar de esta situação requerer a intervenção das autoridades francesas, entendemos que o Governo português não deve deixar de acompanhar esta situação de forma a encontrar os meios que considerar mais adequados para poder prestar apoio a estes portugueses agora em dificuldades”, defende o parlamentar social.
Carlos Alberto Gonçalves alerta ainda: “Este tipo de situações poderá vir a acontecer noutros países, afetando as nossas Comunidades no plano social e económico e às quais será importante dar a maior atenção”.
A conselheira das comunidades portuguesas em Toulouse, Carolina Amado, disse esta segunda-feira que os trabalhadores sazonais portugueses em Lourdes, em França, estão numa “situação muito complicada” e considerou que as autoridades portuguesas devem ajudar a resolver esta “urgência social”.
“É uma situação muito complicada e só não há fome na comunidade portuguesa porque há uma grande solidariedade”, afirmou Carolina Amado.
Tal como Fátima, em Portugal, Lourdes é uma cidade economicamente dependente do turismo religioso e funciona de forma sazonal. Sendo assim, muitos hotéis só estão abertos entre março e novembro, encerrando no resto do tempo, com a maior parte dos trabalhadores da hotelaria a exercerem funções em regime de contratos com termo.
Quando esses contratos terminam, os descontos acumulados nos meses precedentes chegam para alguns meses de subsídio de desemprego até à próxima época alta, mas desde o início da pandemia de covid-19 em França, muitos hotéis não reabriram e muitos portugueses não conseguiram voltar a trabalhar, encontrando-se numa situação precária.