Chama-se Jahnsite MnMnZn e é uma nova espécie de mineral descoberta numa mina perto de Odemira pelo geólogo monçanense Pedro Alves. O feito aconteceu há dois anos, mas só agora foi tornado público dado que era necessário o reconhecimento oficial da Associação Mineralógica Internacional (IMA), entidade que gere a nível mundial todas as questões relacionadas com a mineralogia.
Natural da freguesia de Sago, concelho de Monção, e filho de pais emigrantes, Pedro Alves colaborou em vários projetos para a ciência nos últimos anos e este acontecimento é mais um momento em que o português inscreve o seu nome nas mais prestigiadas galerias deste ramo científico.
«Quando o mineral é novo, nunca sabemos que o descobrimos. Não é reconhecido pela ciência e temos ali uma indefinição. Fiz uma análise química e fiquei com algumas dúvidas sobre a sua composição. Não estava mesmo a ver do que poderia tratar-se”, afirma Pedro Alves.
A amostra do material teve de ser enviada para os Estados Unidos da América, República Checa e para a Rússia, onde se realizaram mais análises químicas para descodificar a sua composição e estrutura e posteriormente enviadas para o IMA. Esta entidade, após ponderação dos requisitos submetidos e um processo que se estendeu por um longo período, concluiu estar na presença de uma nova espécie de mineral para a ciência.
«Fiquei muito contente. Não só eu como toda a família e amigos. Mas acho que as pessoas têm é de trabalhar e deixar-se de glórias. Essas chegarão mais tarde», disse o geólogo.
Esta é a segunda vez que o mineralogista vê um mineral descoberto por si consagrado, uma vez que em 2015 se tornou no primeiro português a submeter uma nova espécie à IMA, a zincostrunzite, que tem Gouveia como localidade-tipo (local onde foi recolhido o material pela primeira vez). Pedro Alves não estranha o facto de a sua nova descoberta não estar a ter, em Portugal, uma manifestação muito expressiva, uma maior divulgação, comparativamente ao eco que a notícia encontrou além-fronteiras: «Não reagimos com grande efusão a uma notícia destas, não há grande divulgação. Lá fora reagem com mais entusiasmo e, embora não lhes diga propriamente respeito, reconhecem que é sempre interessante descobrir uma nova espécie. Já me chegaram felicitações de membros da comunidade científica vindas de Itália, França, Alemanha, Espanha, Rússia, Austrália e outros países».
Considerada de pequena dimensão, como muitas minas de ferro e manganês presentes no Sudoeste Alentejano, a mina da Herdade dos Pendões, em Odemira, está desativada há quase um século. O geólogo Pedro Alves indicou que aquela mina tem galerias e poços da época romana, no entanto o mineral descoberto não foi encontrado nessas galerias e poços, mas sim numa escombreira, isto é, num depósito de matérias extraídas das minas.
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