Investigadores do Instituto de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC-TEC), no Porto, criaram um robô com o propósito de «valorizar e rentabilizar» as florestas através da recolha de vegetação que vai «incorporar novos materiais», revelou o responsável.
Filipe Neves dos Santos explicou à agência Lusa que o robô, desenvolvido pelo instituto da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto juntamente com a Associação Florestal de Portugal (FORESIS), vai permitir «valorizar a floresta e mostrar que existe uma nova forma de utilizar a biomassa florestal».
«A nossa floresta é pouco gerida e tem pouco valor económico. As operações que atualmente são feitas não são muito rentáveis, uma vez que muito do trabalho é feito manualmente e com máquinas muito pesadas», frisou.
O robô, que começou a ser produzido há um ano e meio, pesa uma tonelada e visa substituir a maquinaria utilizada atualmente, tornando o processo de limpeza e recolha de vegetação mais automatizado.
«O robô é colocado no espaço que se pretende recolher a biomassa e aí trabalha sozinho, levando o material até à berma e fazendo uma pilha. Depois, regressa ao local onde começou. Contudo, numa primeira fase será sempre visionado por um operador», revelou.
Segundo Filipe Neves dos Santos, a equipa prevê que no próximo ano o robô possa ser testado «em ambientes mais reais, com declive e vegetação densa», isto porque «neste momento os testes ainda se realizam no laboratório e são muito controlados».
«Daqui a um ano prevemos que o robô possa ser testado nas propriedades florestais da FORESIS em Viana do Castelo e perto da cidade de Vigo. Algo que vai ser muito interessante pois a inclinação do terreno é de 30%», acrescentou.
O estudo, elaborado no âmbito do BIOTECFOR – um projeto que visa maximizar a eficiência de utilização dos recursos florestais – conta ainda com o apoio de dois parceiros espanhóis, a Associación Forestal de Galicia e o Centro Tecnológico de Automoción de Galicia, que estão a desenvolver duas máquinas de estilhagem para auxiliarem o robô.
«Estas duas máquinas são uma novidade, uma vez que vão encontrar-se na periferia da floresta e triturar a biomassa recolhida pelo robô até ficar em pequenos pedaços», afirmou.
De acordo com o investigador, a vegetação recolhida e depois triturada poderá servir para o «aquecimento de estufas, criação de energia ou incorporação em plásticos para a indústria automóvel».
«Os parceiros espanhóis já fizeram testes em dez tipos de plantas, restos de pinheiro, poda, eucalipto e mato. A parte de material florestal pode vir a representar 50 a 60% do produto final», salientou o investigador.
O robô vai estar em demonstração no expositor do INESC-TEC na Agroglobal, uma feira agrícola nacional, que decorre de 5 a 7 de setembro em Valada do Ribatejo, no Cartaxo, distrito de Santarém.
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