O repórter inglês Max Stahl acredita que o idioma português vai crescer em Timor-Leste e relata que, apesar de ainda ser uma percentagem reduzida, nunca houve tantos timorenses a falá-la.
O jornalista inglês Max Stahl, que em 1991 filmou e divulgou o massacre de Santa Cruz, em Timor-Leste, esteve recentemente em Portugal, onde afirmou que falar português foi um ato de resistência, mas também de sobrevivência do país, considerando que, “sem a língua portuguesa, não há nação em Timor-Leste”.
Hoje, os jovens em Timor-Leste questionam-se para que “serve a língua portuguesa”, num país tão distante de Portugal ou do Brasil, mas os timorenses que lideraram a luta pela independência do país “continuam muito conscientes de que a sobrevivência da nação depende da diferença, da identidade única do povo”, onde o português se assume como uma das bandeiras, sublinhou Max Stahl.
Apesar de a língua portuguesa continuar a ser “minoritária em Timor-Leste”, está no “meio de uma luta não só da língua, mas dos valores que comunicava, especialmente através da Igreja, mas não só”, sublinhou o jornalista inglês, que apresentou recentemente o seu mais recente documentário, intitulado “A Língua, a Luta, a Nação”, sobre o papel do português na construção da nação timorense.
Para ilustrar tal consideração, o jornalista inglês recordou que os ativistas escreviam documentos em português durante a luta pela independência, assim como os comandantes “que lutavam no mato” e faziam questão de enviar mensagens em português, “apesar de os soldados não entenderem” a língua. “Mais do que um papel simbólico, [a língua] estava na base da luta”, vincou.
Max Stahl recordou que Timor-Leste “tem muitas línguas e dialetos”, sendo que “a sobrevivência” de Timor-Leste enquanto nação “depende de valores, mas também de algumas bandeiras e símbolos”.
“Porque é que os timorenses não são indonésios? É por isso que há uma determinação de vários líderes de que esta língua vai sobreviver em Timor”, notou, sublinhando que o português “vai crescer” e que nunca houve “tantos timorenses” a falá-la, apesar de ainda ser uma percentagem reduzida.
O jornalista filmou e divulgou o massacre de Santa Cruz, em 1991, quando o exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 271 pessoas no local e outras 127 que viriam a morrer nos dias seguintes.
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