O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou para que «haja paz e tranquilidade» na Guiné-Bissau, mas considerou que «não se justifica, neste momento» retirar os portugueses que vivem no país.
À chegada ao Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas (SISAB), em Lisboa, o Presidente da República disse estar «a acompanhar a situação da Guiné-Bissau», que vive mais um momento de tensão política, depois de o autoproclamado Presidente Umaro Sissoco Embaló ter demitido, na última sexta-feira, Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno Nabian.
«Como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros e como disse a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) e como disse a CEDAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), nós o que desejamos é que seja uma situação em que haja paz, tranquilidade, respeito institucional, não conflitualidade, não situações de tensão e de agravamento de tensão. Que se evite isso, é fundamental», afirmou.
Questionado sobre uma eventual retirada dos portugueses que vivem na Guiné-Bissau, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que «não se justifica neste momento nada disso», mostrando-se esperançoso que «a situação evolua dentro de um clima de tranquilidade institucional».
«Há alguns, embora poucos milhares, de portugueses que vivem na Guiné-Bissau e espero que naturalmente cooperem nesse mesmo espírito de tranquilidade e de pacificação», apelou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado apelou também a estes cidadãos que «restrinjam naturalmente a sua atividade se sentirem que devem restringir, ou se tiverem algum problema específico – até agora não sucedeu – , que comuniquem imediatamente com a embaixada ou com as estruturas competentes».
Marcelo Rebelo de Sousa salientou ainda que «dizer mais do que isto é estar a imiscuir naquilo que é a vida interna de um país soberano».
Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira (dia 27 de fevereiro), numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Após estas decisões, registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.
Cipriano Cassamá, que tinha tomado posse na sexta-feira como presidente interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado, renunciou hoje ao cargo por razões de segurança.
O primeiro-ministro Aristides Gomes denunciou que um grupo de militares invadiu a sua residência, retirando as viaturas da sua escolta pessoal e proferindo ameaças.
Umaro Sissoco Embaló já afirmou que não há nenhum golpe de Estado em curso no país e que não foi tomada nenhuma restrição aos direitos e liberdades dos cidadãos
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