A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) decidiu manter o ‘rating’ de Moçambique em CCC+, abaixo da recomendação de investimento, com Perspetiva de Evolução Estável, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19.
“O ‘rating’ de CCC+ para a emissão de dívida em moeda estrangeira reflete a nossa visão de que Moçambique depende de condições favoráveis empresariais, financeiras e económicas para cumprir as suas obrigações financeiras”, escrevem os analistas na nota que acompanha a decisão de ‘rating’, divulgada.
O nível de CCC+ é o terceiro mais baixo na escala da opinião sobre a qualidade do crédito soberano, sendo considerado ‘lixo’ ou ‘junk’ por estar vários níveis abaixo do patamar da recomendação de investimento.
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“Apesar de os rácios de crédito serem fracos, esperamos que Moçambique seja capaz de cumprir as suas obrigações nos próximos 12 meses”, apontam os analisas, ressalvando que “o ‘rating’ é prejudicado pelo baixo PIB per capita do país, governação e instituições frágeis, grandes défices externos e orçamentais, e um elevado peso da dívida”, que vai manter-se acima de 100% do PIB até, pelo menos, 2023.
A Perspetiva de Evolução Estável, isto é, a assunção de que o ‘rating’ não deverá ser alterado nos próximos 12 a 18 meses, “equilibra os riscos associados a elevados défices externo e orçamental face à expectativa de uma recuperação económica no próximo ano, sustentada em grandes investimentos na indústria extrativa”, escrevem ainda os analistas.
As medidas que Moçambique tomou para conter e combater a pandemia de covid-19 enfraqueceram a atividade económica este ano, com a economia a contrair-se 1% na primeira metade do ano, “porque o movimento de bens e pessoas foi limitado, particularmente no segundo trimestre, mas a maioria das restrições foi levantada desde então e a atividade retomou na maioria dos setores”, diz a S&P.
A retoma económica, aliás, permite aos analistas prever que Moçambique escape à recessão este ano, devendo crescer 1% em 2020 e de 5,5% em 2021, sustentado nos grandes investimentos esperados para a extração de gás natural liquefeito, nomeadamente no norte do país.
A previsão da S&P é significativamente melhor que a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que nas Perspetivas Económicas para a África subsaariana, divulgadas na quarta-feira, prevê uma quebra no PIB de 0,5% este ano e um crescimento de 2,1 em 2021.