Mónica Vieira-Auer, a residir em Lauf an der Pegnitz, na Alemanha, é a vencedora da 2.ª edição do Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro, atribuído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, no âmbito da ação cultural junto das comunidades portuguesas.
“A Parte pelo Todo” é a obra galardoada pela 2.ª edição deste prémio dirigido a portugueses residentes no estrangeiro e a lusodescendentes, que visa reforçar os vínculos de pertença à língua e cultura portuguesas e, ao mesmo tempo, homenagear a grande figura das letras portuguesas do século XX que foi José Maria Ferreira de Castro (1898-1974).
A obra, do domínio da Poesia, foi selecionada entre 15 candidaturas, de variadas proveniências: Alemanha, Bélgica, Colômbia, França, Reino Unido, Estados Unidos da América e Canadá.
Tal como na primeira edição do Prémio IN/Ferreira de Castro, o júri presidido pelo académico Carlos Reis e integra igualmente a editora-chefe da Imprensa Nacional, Paula Mendes, e a professora universitária Fátima Marinho.
A propósito de “A Parte pelo Todo” o júri destacou a «representação de um universo pessoal com grande carga de autenticidade, temperada por uma certa contenção e, a espaços, por discretas notações irónicas; configuração de um ritmo poético formulado em versificação de alargada discursividade, episodicamente dotada de um certo impulso narrativo; desenvolvimento de uma imagística muito sugestiva, em sintonia com a evocação de vivências de um quotidiano investido de dimensão poética».
Mónica Vieira-Auer nasceu em Silvalde, Espinho e, 1992 vive na Alemanha, tendo lecionado Português Língua Estrangeira em várias universidades da Baviera e em instituições de educação e formação de adultos. Desde 2010 é docente de Português Língua Estrangeira na Universidade Friedrich-Alexander de Erlangen-Nuremberga.
Além dos 5 mil euros do valor pecuniário do prémio Mónica Vieira-Auer deverá ver, no próximo ano, a publicação do seu trabalho pela editora pública portuguesa, Imprensa Nacional.
Na edição do ano passado o Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro distinguiu, em ex-aequo, as obras “Não Viajarei por Nenhuma Espanha”, do lusodescendente Marcus Quiroga Pereira (1954-2020), e Uma Casa no Mundo, de Irene Marques, portuguesa a residir em Toronto (Canadá).
“UMA VOZ FEMININA QUE, DIRETA OU INDIRETAMENTE, NOS DÁ O TESTE¬MUNHO DE UMA MULHER, EMIGRAN¬TE, PROFESSORA UNIVERSITÁRIA DE PORTUGUÊS NA ALEMANHA”.
BERTA NUNES
SECRETÁRIA DE ESTADO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS
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O Prémio IN/Ferreira de Castro, atribuído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, permite-nos escutar as vozes dos nossos emigrantes e lusodescendentes de uma forma que só a literatura possibilita, com a liberdade e profundidade que lhes são próprias. É, por isso, com muita alegria que vejo a obra de poesia de Mónica Vieira-Auber, uma portuguesa residente na Alemanha, galardoada com o prémio que transporta o nome do grande escritor que foi Ferreira de Castro, também ele um emigrante.
Na obra “A Parte pelo Todo” descobrimos uma voz feminina que, direta ou indiretamente, nos dá o testemunho de uma mulher, emigrante, professora universitária de Português na Alemanha. A “Parte pelo Todo” é igualmente o temunho de uma leitora, com referências a Florbela Espanca ou Agustina Bessa-Luís, que deixa adivinhar na leitura um vínculo fundamental de ligação ao país.
O Prémio IN/Ferreira de Castro, agora na sua segunda edição, materializa de forma muito particular a consolidação de uma estratégia de reconhecimento da produção e herança cultural das comunidades portuguesas no estrangeiro. Testemunho dessa estratégia são, igualmente, a criação de uma rede de espaços de memória dedicados à emigração portuguesa e o protocolo, também assinado com a INCM, para apoiar a divulgação de obras relevantes da Diáspora Portuguesa no mundo através da coleção “Comunidades Portuguesas”.
“O PRÉMIO IN/FERREIRA DE CASTRO É UMA FORMA DE PRESTAR O JUSTO RECONHECIMENTO ÀS COMUNIDA-DES PORTUGUESAS NO ESTRANGEI¬RO PARA INCENTIVAR A CRIAÇÃO LITERÁRIA EM PORTUGUÊS”
DUARTE AZINHEIRA
DIRETOR EDITORIAL DA IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA
O prémio IN/Ferreira de Castro, instituído pela Imprensa Nacional conjuntamente com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, tem-se revelado nestas duas edições um verdadeiro sucesso enquanto oportunidade de promoção da diáspora portuguesa e também como meio particular de divulgação da língua e da cultura portuguesas, em particular da literatura produzida pelos nossos emigrantes e pelos lusodescendentes na diáspora.
Isto é particularmente importante para nós, Imprensa Nacional, uma vez que vai ao encontro de uma missão muito significativa da editora pública portuguesa: incentivar a criação literária em português. E no caso concreto do Prémio IN/Ferreira de Castro é também uma forma de prestar às comunidades portuguesas no estrangeiro o justo reconhecimento pelas diversas atividades que desenvolvem nos seus países de acolhimento e, claro, homenagear esta figura enorme das letras portuguesas que foi, que é, José Maria Ferreira de Castro.
O ano passado galardoámos um cidadão brasileiro lusodescendente e uma portuguesa a residir no Canadá. Este ano premiámos uma portuguesa a residir na Alemanha, Mónica Vieira-Auer, com um belíssimo trabalho em poesia, “A Parte pelo Todo”. A qualidade dos trabalhos recebidos e o interesse suscitado pelo Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro constitui para nós, Imprensa Nacional, uma grande esperança para a criatividade literária em Língua Portuguesa.
“ESTOU IMENSAMENTE GRATA
AO JÚRI PELO RECONHECIMENTO
DO MEU TRABALHO”
MÓNICA VIEIRA-AUER
AUTORA
Foi através do Jornal de Letras, do qual sou assinante há longa data, que tive conhecimento do Prémio da Imprensa Nacional/Ferreira de Castro.
Um prémio instituído a pensar em nós, na diáspora portuguesa, levou-me a pensar nele como uma ponte entre mim e a literatura portuguesa, como um objetivo a atingir a curto prazo.
Cheguei mesmo a pensar: Era disto que eu estava à espera, de um prémio como este! E no mesmo momento me ocorreu, e ocorre, um lindo verso de Vasco Graça Moura, que eu agora descontextualizo, “Às vezes são precisas rimas destas”, i.e. às vezes são precisos concursos destes para saíres do teu casulo, da tua zona de conforto, e andares em frente sem receio.
O momento do telefonema do Prof. Carlos Reis, que eu muito admiro, foi muito giro, digno de uma cena cinematográfica pelo enquadramento do espaço em que me encontrava e pelo “ar das personagens” à minha volta: no meu escritório, a olhar para as estantes quase vazias, acompanhada do meu filho e do meu marido (algo também pouco usual neste meu habitat, cansados de levar caixotes de livros para o piso de cima.
Toca o telemóvel, e estávamos no final da tarde de passada segunda-feira, e nesses 4-5minutos de conversa, não consigo precisar, dei a volta ao meu mundo, caminhando de um lado para o outro, sob observação dos meus dois ajudantes, um deitado no sofá e o outro encostado a uma das estantes, completamente exaustos e com um sorriso de orelha a orelha!
Foi muito bom, inesquecível! Estou imensamente grata ao Júri pelo reconhecimento do meu trabalho, assim como à Imprensa Nacional-Casa da Moeda e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros pela instituição deste prémio literário.