Voto de preocupação pelo escalar da violência em Cabo Delgado e condenação dos ataques ocorridos na vila de Palma em Moçambique.
Uma vez mais Moçambique confronta-se com as consequências da grave e preocupante situação que se alastra na província de Cabo Delgado, onde desde 2017 se regista uma intensificação da insurgência de grupos armados com possíveis ligações a organizações terroristas regionais e transnacionais conectadas à organização Estado Islâmico.
A violência no Norte de Moçambique tem provocado, há pelo menos três anos, danos irreparáveis junto das populações, vitimando milhares de pessoas e afetando a vida de dezenas de milhares de cidadãos que residem naquele território. Segundo dados de um relatório da ONG Save The Children, os ataques em Cabo Delgado já provocaram a deslocação de mais de 700 mil pessoas rumo à província de Pemba, das quais 300 mil estima-se que sejam crianças. As notícias que dão conta de decapitações são cada vez mais frequentes, como aconteceu em novembro passado com os ataques perpetrados em várias aldeias em Cabo Delgado, assim como vários episódios semelhantes registados ao longo de todo o ano de 2020.
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Na passada quarta-feira, a vila de Palma conheceu um dos episódios mais graves desde o início da insurgência, com um ataque que se estima ter vitimado dezenas de pessoas, dando-se como certa para já a morte de sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel da vila, onde se refugiaram. Na sequência deste ataque centenas de cidadãos fugiram de Palma em direção à fronteira com a Tanzânia, em Namoto, junto ao rio Rovuma, com homens, mulheres e crianças – famílias inteiras -, a caminharem pelo mato desde quarta-feira sem água nem comida, deixando tudo para trás quando os grupos armados aterrorizaram a vila. Estes acontecimentos, que nos chocam a todos e sobre os quais não podemos ficar indiferentes, merecem o nosso maior repúdio e condenação.
Assim, a Assembleia da República manifesta a sua preocupação com o escalar da violência em Cabo Delgado e consequente degradação da situação humanitária na região, condenando os sucessivos massacres perpetrados contra a população moçambicana por grupos armados, em particular o ocorrido a 24 de março na vila de Palma, manifestando o seu profundo pesar pelas vítimas destas ações bárbaras.