O objetivo é dar voz aos excluídos, explicou Maria de Azevedo Brito, da organização Babel, que organiza o evento.
A cidade de Xangai acolhe nestes dias o festival ‘Critica’, que leva arte a vários pontos da metrópole chinesa, uma iniciativa que tem como principal promotora a portuguesa Maria de Azevedo Brito.
O evento teve início na quinta-feira à noite na Galeria H27, um espaço informal num edifício da antiga concessão francesa de Xangai, que juntou exposições de fotografia sobre mulheres da Ásia e sobre rituais religiosos tibetanos e ilustrações de etnias minoritárias chinesas.
A cerimónia de abertura inclui declamação de sete poetas em seis línguas diferentes, versando temas como a pressão social sobre as mulheres ou a discriminação enfrentada pela comunidade LGBT.
Mais de 30 artistas vão participar na edição deste ano, cuja programação inclui ainda sessões de cinema e workshops ao longo de cinco dias.
«A arte é muito importante para a inclusão social, porque torna muito mais fácil às pessoas comunicar, expressar emoções e gerar empatia», explicou à agência Lusa Maria de Azevedo Brito.
Foi em busca dessa empatia que os alunos de Christy apresentaram um poema em língua gestual chinesa.
«O que nós, surdos, precisamos é de integração, não precisamos de compaixão», disse a professora.
O número de alunos a aprender a língua gestual tem aumentado, mas a chinesa admite que a maioria da população ainda não compreende como é viver sem audição.
«A arte pode ser uma forma dos grupos excluídos se expressarem, para as outras pessoas perceberem todos os desafios que eles têm de enfrentar nas suas vidas», diz Maria de Azevedo Brito. A arte com consciência social, explica a portuguesa, «pode trazer visibilidade a certas pessoas a que geralmente não temos acesso, criando pontes entre diferentes grupos».
Também Nianci aproveitou a abertura do festival para apresentar um poema bilingue chinês-inglês sobre o desconforto que sentiu ao voltar a Xangai após seis anos a estudar nos Estados Unidos.
«Comecei a questionar porque é que as mulheres da minha idade são pressionadas a casar, porque as mães a tempo inteiro são marginalizadas e consideradas desempregadas», explicou à agência Lusa.
Este ano o “Critica” tem pela primeira vez uma componente pública, um workshop sobre poesia em Fuxing, um dos principais parques de Xangai, hoje de manhã.
A promotora admite que é um desafio grande na China, país onde as atividades públicas são controladas rigorosamente pelas autoridades, mas os organizadores, todos eles voluntários, acreditam que é preciso «levar a arte às pessoas».
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