O Presidente da República de Cabo Verde visita este domingo a comunidade cabo-verdiana no Seixal, no início da sua deslocação de três dias a Portugal, mas afastou qualquer relação com os incidentes no bairro da Jamaica.
Hoje, o encontro começa com «um contacto com a comunidade cabo-verdiana no Seixal», em resposta a um convite de uma associação local e da câmara municipal.
Questionado sobre se essa deslocação está relacionada com os confrontos entre polícia e moradores registados em janeiro no bairro da Jamaica, no Seixal, Jorge Carlos Fonseca disse que não tem uma relação direta e que é uma «coincidência» o Jamaica ser um bairro próximo e vizinho do que vai visitar.
Mas o chefe de Estado reconheceu que esse pode ser um tema que seja abordado e sobre o qual irá falar «com toda a tranquilidade».
«É um convite que tenho há muito tempo, bem antes destes acontecimentos mediáticos do bairro da Jamaica», disse, considerando «natural» que o tema se coloque.
«Vou sobretudo ter um diálogo com os responsáveis do município e os dirigentes associativos cabo-verdianos e dialogar com os cabo-verdianos sobre a situação em Portugal e em Cabo Verde», referiu.
Neste primeiro dia da visita a Portugal, o Presidente da República cabo-verdiano vai ter um encontro com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, com quem abordará temas de interesse aos dois países.
Na segunda-feira, e enquanto presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Jorge Carlos Fonseca terá um encontro com o secretário-executivo da organização, o português Francisco Ribeiro Telles, e com todos os representantes permanentes da organização, na sua sede, em Lisboa.
Na agenda estará o programa da presidência cabo-verdiana e o plano de atividades para o biénio 2018-2020.
Este plano de atividades, recordou, prevê um conjunto de ações como a inauguração das cidades da Praia e Cidade Velha e Ribeira Grande de Santiago como Capitais da Cultura da CPLP, a realização de uma feira do livro de autores da CPLP, um espetáculo musical com artistas dos estados membros da organização, uma primeira conferência sobre a criação do mercado comum, das artes, cultura e indústrias criativas, já em abril de 2019.
Um ciclo de conferências sobre cidadania e mobilidade da CPLP, também em abril, uma semana de línguas e culturas da CPLP e um festival da morna, no âmbito da candidatura a património da humanidade está igualmente programado, além da conferência da juventude da CPLP e da CEDEAO e um fórum sobre alterações climáticas, neste ano.
Nesta reunião em Lisboa, Jorge Carlos Fonseca vai «insistir no tema da mobilidade».
«Pensamos, até fins de julho, apresentar a primeira proposta de integração comunitária, que é um modelo gradativo, de forma a que, o mais tardar no primeiro trimestre de 2020, todos os Estados da CPLP possam dizer em que medida aderem a esse modelo de mobilidade», realçou.
Na terça-feira, o chefe de Estado vai proceder à conferência inaugural no evento literário Correntes de Escrita, que vai decorrer na Póvoa do Varzim.
«Para mim e para Cabo Verde é uma grande honra ter sido convidado para a presidir à conferência inaugural desta que é a 20ª edição do evento e por isso será o maior até agora, com mais de 140 escritores provenientes de mais de 20 países», referiu.
O título da conferência que irá proferir é “As letras da língua e a mobilidade dos criadores da CPLP” e será uma comunicação «sobre as literaturas de língua portuguesa».
«Como sou o presidente em exercício da CPLP, vou falar para uma plateia muito especial de escritores, críticos, jornalistas sobre a questão da mobilidade que está na agenda presidencial cabo-verdiana da CPLP, sobretudo a mobilidade dos criadores», adiantou.
Na tarde de terça-feira, Jorge Carlos Fonseca irá lançar o primeiro dos 40 livros que irão ser apresentados no certame, que é da sua autoria: “A sedutora tinta das minhas noites”.
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