A indústria alimentar começa a perceber as graves consequências da falta de mão-de-obra decorrente da crise de saúde provocada pela Covid-19 e pelo Brexit. À medida que o país reabre as suas fronteiras após a pandemia, o déficit de produção é mais acentuado, aproximando-se da sua capacidade máxima.
A falta de mão-de-obra atinge todos os elos da cadeia produtiva. A pecuária não encontra trabalhadores e o sector da distribuição mal consegue contratar novos transportadores, uma situação que coloca em risco o fluxo de abastecimento de produtos alimentares. Por sua vez, o sector da carne viu-se obrigado a reduzir a produção e o sector hoteleiro não dispõe de pessoal suficiente para responder à procura crescente.
Shane Brennan, que dirige a Federação da Cadeia de Frio, explicou à Bloomberg que “já se estão a ver prateleiras vazias, em algumas partes da cadeia de abastecimento de alimentos, em supermercados e em hotéis, bares e restaurantes. Isso vai continuar, por isso, vamos ver escassez intermitente durante todo o verão.”
Essa carência começou com o Brexit, que limitou o fluxo de trabalhadores da União Europeia, e o problema intensificou-se durante a pandemia, quando milhares de pessoas de diferentes países deixaram o Reino Unido. De acordo com as estatísticas oficiais, cerca de 50 mil pessoas deixaram o país durante o segundo trimestre do ano passado. No entanto, agora que a economia britânica começa a abrir, essa força de trabalho não está a voltar.
O aumento dos preços das “commodities” e as interrupções logísticas decorrentes do Brexit e do bloqueio do Canal de Suez causaram uma alta nos preços dos alimentos.
Por outro lado, os produtos frescos, como frutas e vegetais, têm sido particularmente afetados, devido ao desperdício por não haver transportadores para distribuí-los a tempo, um problema que está a levar os retalhistas a terem que encontrar produtos fora das suas fronteiras, voltando-se para a Europa.
O sector alimentar responsabiliza o novo sistema de imigração, implementado com o Brexit, pela situação. Esse sistema prioriza os trabalhadores mais qualificados, o que dificulta que alguns sectores, como a hotelaria e a agricultura, garantam a mão-de-obra de que precisam. A oferta online de empregos, na maioria dos sectores, aumentou 10 vezes, desde maio de 2020. O sector dos restaurantes, por exemplo, passou de 15,4% das ofertas de empregos para 140,4%.
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