A República Popular da China celebra esta terça feira, 1 de outubro, os seus 70 anos e assinala a data com exibições e cerimónias, por todo o país. As comemorações vão ser transmitidas, através de reportagens, em direto na imprensa estatal.
As iniciativas agendadas para hoje destacam a enorme transformação da China, desde uma nação pobre e devastada pela ocupação japonesa e subsequente guerra civil entre os comunistas e o anterior Governo nacionalista, até se converter na segunda maior economia do mundo.
“Todos são testemunhos, fundadores e construtores da nova era”, pode ler-se numa das milhares de faixas vermelhas dispostas nas ruas, praças e avenidas de Pequim, que apelam à lealdade ao Partido Comunista e ao seu “líder central”, Xi Jinping.
Arranjos florais e bandeiras da China foram colocados à porta de todos os edifícios e estabelecimentos comerciais, por ordem governamental. No topo dos arranha-céus da capital, luzes néon formam o número 70. Nas principais artérias e paragens de metro, soldados garantem que as celebrações não serão perturbadas.
As celebrações vão culminar com uma parada militar na Praça Tiananmen, presidida por Xi Jinping, e destinada a exibir as novas capacidades das forças armadas chinesas, numa altura em que a crescente assertividade do país além-fronteiras alimentou renovadas tensões com os Estados Unidos.
Os ensaios para o desfile militar levaram, nas últimas semanas, ao encerramento de várias avenidas no centro da cidade. Em alguns bairros os moradores foram forçados a deixar as suas casas durante vários dias.
Desde 1 de setembro que é proibido o uso de veículos aéreos não tripulados (‘drones’) e pombos correio – um passatempo apreciado por muitos chineses – ou até fazer voar papagaios.
Quinze mil soldados e marinheiros, 160 caças e bombardeiros, e 580 peças de artilharia, incluindo o míssil balístico intercontinental Dongfeng 41, com capacidade nuclear, vão desfilar hoje junto à Praça Tiananmen, na Avenida Changan, a principal artéria de Pequim.
Segundo analistas militares estrangeiros, outra arma que deve ser apresentada é o DF-17, o primeiro míssil capaz de transportar um veículo hipersónico, que pode ser equipado com armas convencionais ou nucleares, e que é capaz de ultrapassar sistemas antimísseis.
Também foram alcançados progressos no fabrico de veículos aéreos não tripulados (drones), principalmente o WZ-8, uma máquina de reconhecimento supersónico, que poderia ser usada para identificar alvos antes de um ataque.
“O desenvolvimento e o crescimento das Forças Armadas chinesas nos últimos 70 anos estarão à vista de todos”, garantiu o porta-voz do ministério chinês da Defesa, o coronel Wu Qian, em conferência de imprensa.
Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, na véspera da Assembleia-Geral da ONU, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros,Wang Yi enfatizou que a China vai procurar “uma posição de liderança na reformulação da ordem internacional”, enquanto expandirá e defenderá os seus interesses nacionais.
A celebração dos 70 anos da República Popular da China ocorre num momento interno delicado, face a protestos antigovernamentais na região semiautónoma de Hong Kong, uma guerra comercial com os Estados Unidos e a desaceleração do crescimento económico, agravada pela inflação dos produtos alimentares, devido a surtos de peste suína que se alastraram por todo o país.
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