Começa oficialmente hoje, na “Cidade Maravilhosa”, a primeira edição lusófona do maior evento desportivo à escala planetária. Mais de 10 000 atletas competem ao serviço de 206 países sob o olhar vigilante da estátua do Cristo Redentor. Portugal apresenta-se em 21 das 28 modalidades, com legítimas ambições a melhorar o desempenho registado há quatro anos, em Londres. O canoísta Fernando Pimenta, a maratonista Sara Moreira, o mesa-tenista Marcos Freitas, a judoca Telma Monteiro, o futebolista Carlos Mané e o ciclista Rui Costa são alguns dos nomes que permitem aos portugueses sonhar com medalhas.
A 31.ª edição, os Jogos Olímpicos realizam-se num país da América do Sul, algo inédito desde o início da chamada Era Moderna do maior evento desportivo do mundo, em 1896. Também é a primeira vez que se realizam num país lusófono. E logo no maior, com sede naquela que é a cidade com raízes portuguesas mais visitada do Brasil.
Milhões de telespetadores por todo o mundo vão ter os olhos postos no Rio Janeiro até ao dia 21 de agosto. Aliás, estas são as datas para as cerimónias de abertura e de encerramento, ambas no lendário Estádio Maracanã, mas os torneios de futebol, tanto masculino como feminino, até têm início marcado para dia 3.
Pela “Cidade Maravilhosa” vão passar mais de 10 000 atletas, em representação de 206 países, divididos por 28 modalidades, duas estreantes: golfe e rugby de sevens. Os Estados Unidos da América vão procurar manter o rótulo de país hegemónico, que a China ameaça cada vez mais. Os países lusófonos procuram melhorar as tímidas prestações da última edição.
Há quatro anos, em Londres, o Brasil conquistou apenas 17 medalhas: três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Prestação bastante pobre para um país com mais de 200 milhões de habitantes. A Austrália, com um décimo da população, conquistou 35 medalhas, mais do dobro.
Portugal conquistou uma medalha, de prata, tendo assim terminado com o currículo mais modesto das últimas duas décadas, desde os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, a última edição em que nenhum português subiu ao pódio. Modalidades nas quais os portugueses e os brasileiros estão habituados a ganhar, como o futsal, o futebol de praia, o futevolei e o hóquei em patins, não fazem parte do programa olímpico.
Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste não tiveram nenhum atleta medalhado em 2012.
Focos apontam para Usain Bolt e Michael Phelps
Apesar da instabilidade política e social que tem perturbado o quotidiano do Brasil há alguns meses, a verdade é que todas as infraestruturas necessárias para acolher os Jogos Olímpicos foram concluídas a tempo, algumas das quais até com bastante antecedência.
As provas das diversas modalidades estão divididas sobretudo por quatro zonas do Rio de Janeiro: Copacabana, Barra, Deodoro e Maracanã. Pela primeira vez na história dos Jogos, as cerimónias de abertura e de encerramento não têm lugar no estádio em que são realizadas as provas de atletismo.
O jamaicano Usain Bolt vai tentar provar que continua a ser o homem mais rápido do mundo no Estádio Olímpico João Havelange, na mesma zona da cidade que o Estádio Maracanã. Nélson Évora e as maratonistas Dulce Félix e Jéssica Augusto são os portugueses que causam mais expetativas no atletismo.
As provas da outra “modalidade -rainha” dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, a natação, têm lugar na zona da Barra. O recordista de medalhas Michael Phelps, concentrará as principais atenções dentro da piscina olímpica, nas várias provas em que participa. Bastalhe uma subida ao pódio para chegar às duas dezenas, mas certamente que este norte-americano aspira a mais.
Procuram-se medalhas na Lagoa
Na zona de Copacabana também há provas aquáticas, como na Lagoa Rodrigo de Freitas. É nesta área, junto ao 3.º bairro mais caro da América do Sul (Bairro da Lagoa), que se perspetivam as melhores classificações por parte de atletas portugueses, nas provas de remo e especialmente de canoagem.
Os canoístas Fernando Pimenta e Emanuel Silva não repetem a dupla que lhes valeu medalha de prata em Londres, na prova K2 1000, mas ambos marcam presença no Rio de Janeiro. Com estes e outros atletas, Portugal tem argumentos para conseguir medalhas em provas para kayaks com um, dois ou quatro tripulantes.
“Todos nós vamos lá para darmos o nosso melhor. De certeza que os 92 atletas portugueses apurados querem orgulhar todos os portugueses”, aponta Fernando Pimenta numa entrevista em exclusivo à Revista PORT.COM, disponível na edição de agosto.
Um pontão instalado junto à meta permite o acesso de 10 000 espetadores a estas provas, muitos dos quais certamente falarão português, o que pode acrescentar um extra de motivação aos canoístas e remadores nacionais: “Há 516 anos fomos nós que descobrimos o Brasil, agora nosso “país-irmão”, e acho que existe uma boa ligação entre portugueses e brasileiros”, considera o atleta que em setembro do ano passado foi convidado a participar num teste pré-olímpico.
Ténis de mesa, judo, triatlo, ciclismo e taekwondo são outras modalidades com atletas capazes de fazer sonhar os adeptos portugueses: “Podemos conseguir destaque em qualquer das modalidades em que estamos presentes. Os atletas transcendem-se nos Jogos Olímpicos, é um momento único. Alguns também bloqueiam, mas esperemos que todos os que cheguem lá consigam dar o seu melhor e ter o sentimento de dever cumprido, que é o principal objetivo”, conclui Fernando Pimenta.
Com ou sem medalhas de Portugal, os Jogos Olímpicos de 2016 já têm um lugar marcado na História. Pela primeira vez, a língua portuguesa é o idioma anfitrião do evento desportivo mais importante do mundo.
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