A startup portuguesa ColorADD participa esta semana na competição internacional “The Venture”, que pretende distinguir com um milhão de dólares uma ideia inovadora que traga uma mudança social ou ambiental positiva.
“É muito importante estar aqui porque significa que o mundo está a prestar atenção ao tema do daltonismo. Ter sido um dos 2500 projetos concorrentes e estar entre os 27 finalistas, escolhidos através de votação online, é muito bom”, disse o fundador da ColorADD, Miguel Neiva, à Lusa.
O designer, que reside no Porto, criou um código de apenas cinco símbolos que permite aos daltónicos identificarem cores.
O português desenvolveu o código durante o seu mestrado na Universidade do Minho, que terminou em 2008. Desde que o sistema começou a ser implementado, em 2011, já chegou a 60 países através de 80 parcerias.
Antes de contatar empresas, Neiva dedicou dois anos a conseguir reconhecimento científico para o código, escrevendo artigos científicos para várias revistas e participando em conferencias à volta do mundo.
“Estamos a falar de inovação, por isso há sempre resistência, ainda mais quando é vinda de Portugal. Mas não existia nada neste campo e é algo para o qual existe uma necessidade real”, explica Neiva.
No mundo todo, existem cerca de 350 milhões de daltónicos. Cerca de 90 por cento precisa de ajuda para comprar roupa e 41 por cento sente dificuldades de integração social.
Neiva guarda consigo a fotografia de um menino da Colômbia, com a cor pintada com os símbolos do código, que diz que a invenção lhe mudou a vida ao acabar com o bullying que sofria de colegas e discriminação de professores.
A aplicação do código já é feita por várias empresas do sector têxtil, dos transportes e da saúde, como os lápis Viarco, as tintas CIN, a Caixa Geral de Depósitos ou a marca de roupa Zippy. Uma dúzia de praias portuguesas também já usa o código nas suas bandeiras.
“Estamos agora preparados para escalar para o mundo. Não com bancos, não com capital de risco, mas com parceiros sociais. Há um valor para as empresas que aplicam o código, porque as pessoas reconhecem o seu valor”, diz.
Neiva trabalhou com 146 daltónicos de cerca de 15 países para garantir que o código tinha aplicação universal.
“Isto é um produto que nasceu do mundo, veio para Portugal, e torna a partir agora”, diz o fundador.
O empresário procura um investimento entre 350 mil e 500 mil euros, o que lhe permitiria, até 2021, passar de seis para 14 funcionários, duplicar o número de países em que está presente, chegando a 120, e chegar às 1200 parcerias.
“A minha esperança é que os nossos filhos e netos vão crescer num mundo em que isto já está integrado no seu dia a dia”, conclui o português.
A “The Venture” é uma iniciativa global da marca de whiskey Chivas Regal que premeia os empreendedores sociais mais promissores de todo do mundo.
A iniciativa recebeu mais de 2.500 candidaturas de startups de todo o mundo, que pretendem solucionar um conjunto de problemas sociais e ambientais através de modelos de negócio sustentáveis.
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