Terminou este domingo, 1 de Setembro, mais uma edição do Novas Invasões, festival que transportou Torres Vedras para o século XIX.
O certame gerou múltiplas enchentes no centro histórico desta cidade, levando todos os que o visitaram numa viagem até à época das Invasões Francesas.
“Estamos todos muito satisfeitos porque assistimos a uma cidade em festa, bem-disposta. Cultura é isto mesmo” afirmou Rui Brás, chefe da Divisão de Cultura, Património Cultural e Turismo da Câmara Municipal de Torres Vedras.
Um dos polos da cidade em festa foi o Largo de São Pedro, que recebeu o Mercado Oitocentista, com os tradicionais petiscos e artesanato, ofícios de época, o hospital de campanha onde chegaram “feridos de guerra”. Um local “onde a componente histórica esteve mais presente” e em que as cerca de 70 bancas conferiram “a autenticidade e o respeito por aquilo que era oitocentista.”
Na Taberna da Memória, por exemplo, houve muito por onde provar: filhós, arroz doce tradicional, pataniscas, bifanas e peixinhos da horta. Mas também crepes, “uma imitação do que os franceses cá deixaram.” Maria da Graça Lourenço, presidente da Pró-Memória – Associação Cultural e Etnológica de A dos Cunhados, conta que 27 elementos da associação estiveram envolvidos no trabalho desta taberna.
A responsável explicou que o objetivo da associação é “preservar as memórias, materiais, orais ou ambientais. Tudo o que tenha a ver com as tradições e a história da nossa freguesia e do concelho.”
Presente esteve também a Taberna Velha. Marisa Saldanha, secretária-geral do ATV – Académico de Torres Vedras, que integra o Mercado Oitocentista desde a primeira edição do Novas Invasões, destacou que as cerca de 28 pessoas que dinamizaram esta taberna, ao longo dos quatro dias, o fizeram voluntariamente, de forma a angariar fundos para a associação.
Bailando ao som de gaiteiros
A noite de sábado do Novas Invasões ficou marcada pela apresentação do Baile Gaiteiro, junto ao Mercado Municipal de Torres Vedras. Depois de workshops que decorreram em vários pontos do concelho (incluindo um workshop dedicado às danças tradicionais europeias, este sábado, no âmbito do festival), foi a vez de juntar alunos e curiosos para bailar à moda oitocentista.
Carlos Pedro Alves, mandador e orientador dos workshops, referiu que o baile se fez de “uma mistura entre danças históricas, aquelas danças que a história nos diz que ao tempo das Invasões Francesas terão chegado a Portugal e sido introduzidas na nossa tradição, no nosso folclore”, mas também de danças portuguesas e de outras partes do mundo.
“Na verdade, este festival Novas Invasões celebra um pouco isso. Não a invasão por si só, mas a forma como cada país pode contagiar os outros e como podemos interagir culturalmente uns com os outros” referiu, explicando que o projeto envolveu cerca de 150 pessoas. Na noite de sábado a música esteve a cargo do trio Zikhamu, com os seus 12 instrumentos tradicionais, e dos gaiteiros que deram forma ao segundo Encontro de Gaiteiros de Torres Vedras.
Do histórico ao contemporâneo
“De certa forma, é um festival ímpar a nível nacional” vincou Rui Brás sobre o Novas Invasões, relembrando a fusão entre as recriações históricas e a programação contemporânea. Uma ligação que foi materializada, logo no primeiro dia (29 de Agosto), recorda, através da cerimónia de abertura que uniu o Forte de São Vicente ao Mercado Oitocentista.
Ulterior, El Viaje foi um dos espetáculos em destaque. As ruas do centro histórico encheram para ver passar a companhia espanhola Tiritirantes, numa viagem ao futuro encabeçada por duas criaturas semelhantes a dragões.
O Novas Invasões terminou este domingo, com todas as atenções voltadas para o Cortejo das Luminárias, que reuniu o Largo de São Pedro ao Parque do Choupal. O cortejo, iluminado por cerca de mil luminárias, contou com a participação da Cia. Tiritirantes, do grupo Nice Groove Batucada Lusófona e Skalabatuka, da Escola de Teatro Anrique da Mota e dos DJ e VJ Guerrilha Sound System.
Durante o fim de semana foi ainda possível assistir a novas sessões de Les Irréels, pelos franceses Cie. Créature, e de El Onírico Interior, pelos espanhóis Cia. Holoqué.
O Festival Novas Invasões é uma organização da Câmara Municipal de Torres Vedras. Patrocinador: EDP Distribuição. Cerveja oficial: Heineken. Água oficial: Vimeiro. Apoio: Barraqueiro Oeste e Extincêndios. Com o apoio: Ministério da Cultura.
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